Ainda temos um sindicato?
- Consórcio de DSs

- 15 de mai.
- 3 min de leitura

Quando foi que deixarmos de ser um sindicato e nos tornamos esse “escritório de lobby” que é com o que muito mais nos parecemos atualmente.
Quando foi que paramos de lutar de verdade pelas causas que importam para nossos filiados.. Para a nossa base de trabalhadores que tem cada dia mais preocupações e desafios a enfrentar imaginando qual será daqui a pouco a nossa condição de relação funcional com nosso “patrão” – o Estado brasileiro.
Alguém nos convenceu que podemos abrir mão de sermos firmes e contundentes nas nossas cobranças e, com palavras bonitas, nos conduziram para um “conforto” que nos tira a exigência do confronto com forças que nos ameaçam.
É corriqueiro ver lideranças do nosso sindicato dizendo que não devemos tentar radicalizar cobranças contra ações ou omissões quase criminosas da administração e dos governos de plantão, que emitem atos, regulamentam leis, proferem resoluções e tomam decisões que a cada dia mais vergam nossas costas, nos levando à subserviência perniciosa que fatalmente irá destruira nossa categoria. Já está acontecendo!
E assim não decidimos até agora atacar com firmeza atos que vêm corroendo nosso espaço de trabalho, ainda que haja decisões formais da categoria nesse sentido. Nossa diretoria nacional simplesmente decidiu que não vai cumprir!
E assim, decidimos que não deveríamos confrontar sequer a administração para exigir uma negociação séria acerca da nossa composição remuneratória. Passamos anos entendendo que se cobrássemos salário, perderíamos a negociação do bônus.Nisso, levamos mais de 7 anos para minimamente alcançar uma promessa de solução para a negociação infinita do BE e abrimos mão de tentar qualquer outra coisa em troca de um “daqui a 3 anos estaremos bem”!
Hoje estamos vivendo uma situação crítica, onde, além de não termos perspectiva de conquistar um justo reajuste do nosso vencimento, para repor uma inflação que ocorreu nosso poder de sobrevivência nos últimos anos, agora vemos a tal “promessa do bônus dourado” começar a tornar-se um pesadelo que coloca em nosso pescoço a coleira do salário que cai antes de subir.
Em que pesem atos prá lá de duvidosos na sua legalidade e legitimidade praticados pelo comitê gestor do BE nos últimos dias, é preciso reconhecer que nos colocamos numa situação fragilizada e quase vexatória.
Nossa direção sindical noticia reuniões com a cúpula de Receita Federal. Relação de confiança e boa vontade e promessas de solução da crise remuneratória “ainda este ano” exatamente no dia anterior às decisões administrativas – aparentemente ao arrepio da lei – que alteram unilateralmente os critérios de cálculo de avaliação da nossa produtividade, provocando perda salarial ao invés da pretendida recomposição.
E daí vem a pergunta: que espécie de “relação de confiança” é esta que temos construído nos últimos anos que permite que haja um “comitê gestor” dos nossos ganhos, sem a participação de representante dos trabalhadores?
Que confiança é essa que no dia 29 recebe as “maiores lideranças” do nosso sindicato na administração central da Receita e no dia 30, sem que ninguém soubesse, produz a notícia de que, não só não se tem notícia de um reajuste que possa aliviar perdas, em especial dos nossos aposentados, mas também avisa que os próximos meses serão de ainda mais arroxo, pois afinal, não estamos sendo “tão produtivos” quanto pensávamos.
A verdade – DURA – é que não parece haver nenhuma relação de confiança construída com a administração.
Confiança, é via de mão dupla e nos últimos anos todos, só nós temos entregado alguma coisa.
Entregamos silencio.
Entregamos promessas.
Entregamos subserviência.
Entregamos nosso respeito.
Entregamos nossa dignidade.
Entregamos nossa altivez.
Em troca temos sido relegados cada dia mais a espaços subalternos na instituição, com nossas prerrogativas aviltadas, com o outro cargo da casa avançando a passos largos para se tornar hegemônico e nós sermos transformados em verdadeiro “cargo de apoio”, sem que tenhamos mais a inteligência, a perspicácia e a ousadia que outrora nos fez grandes e fortes.
E tudo isso mansinhos, cabeça baixa, “ronronando” para a mão que nos guia rumo ao abatedouro.
Será mesmo que dá para imaginar que isso realmente se parece com um sindicato de trabalhadores?
Ronaldo Godinho
DS Joinvile-SC




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