Como morrem as lutas?
- Consórcio de DSs
- 30 de abr.
- 3 min de leitura

Quando pensamos na história do nosso cargo...
Especialmente se pensarmos na nossa história associativa sindical, vem um sentimento misto de orgulho e sensação de força, unidade, participação e dever cumprido!
O hoje Analista-Tributário (fruto de tantos degraus evolutivos históricos, que nos trouxeram até aqui), construiu sua força a partir das suas bases, se reunindo e associando coletivamente para garantir seu espaço e seus direitos dentro da Receita Federal (que também já passou por tantos nomes), hoje do Brasil.
Sempre enfrentamos um leão por dia (quando não dois: um no almoço e outro no jantar), sem trocadilhos com o mascote do órgão.
Inacreditavelmente, nossos maiores adversários sempre estiveram "na mesa ao lado" e com a potência de muitos recursos materiais e influência política.
O que nos salvou e garantiu segurança, conquistas e evolução, foi nossa autenticidade, nossa construção coletiva e espírito público e participativo, nossa capacidade técnica e compromisso com o serviço público e a sociedade brasileira.
Nossa história de lutas e muitos sucessos, tornou nossa categoria objeto de admiração e até inveja.
Mostramos afinal, que leões de verdade trabalham em conjunto e a força do "bando" vem da estratégia bem construída e compartilhada entre todos.
Fizemos nossa rede de contatos a partir de todos!
Construímos a confiança das estruturas de poder político pelas verdades que levamos sempre à mão.
E, embora com a salutar pluralidade de pensamento e de todas as disputas já enfrentadas, nossa democracia interna sempre foi funcional, com as instâncias de decisão operando plenamente, ouvindo-se todas as vozes e correntes de pensamento e principalmente respeitando-se as decisões, por mais que elas fossem "desagradáveis" para uns ou outros.
E não é que justamente em um tempo em que a comunicação explodiu nas nossas vidas.
Num tempo em que sabemos instantaneamente o que está ocorrendo em qualquer lugar.
Em que as ações e decisões são mais públicas e portanto, deveriam ser mais transparentes e democráticas.
Nessa "nova era" digital e transparente, nos encontramos em um caminho sombrio, iniciado já há algum tempo, que está infelizmente refletindo o que a sociedade mundial anda testemunhando (e sofrendo!).
A cada dia mais, instâncias orgânicas e estatutárias do nosso SINDIRECEITA vão sendo desprestigiadas em favor de um "populismo" midiático que atropela órgãos deliberativos, decisões colegiadas e determinações estatutárias para garantir a vontade de alguns que atuam como "familia real sindical", detentores de inspiração divina e infalibilidade, não devendo portanto, ter suas ações questionadas.
Usam a sua interpretação das normas e decisões coletivas para garantir a sua ascendência sobre divergentes. Conduzem a opinião coletiva com "comunicação institucional massiva" e privilegiada, abafando quaisquer vozes divergentes ou pensamentos "subversivos" de quem vê um outro sindicato não só possível, como necessário.
Já se têm documentados desrespeitos à moralidade sindical, às regras estatutárias, a decisões da AGN (nosso órgão deliberativo constituinte) e do CNRE (nosso Conselho coletivo representativo das bases).
Tudo isso defendido bravamente por um séquito de diretores que se apresentam muito bem, com longas explanações e muitas referências mas oprimindo a pluralidade de visões e opiniões, buscando estabelecer um "pensamento único" inclusive, se julgarem necessário, criminalizando a divergência.
Essa criminalização se iniciou acusando os que sonham com outro sindicalismo de estar destruindo nossa categoria simplesmente por *pensar diferente*!!
Como nesse tipo de "regime" historicamente acontece, já se iniciaram processos judiciais contra aqueles que divergem e agem democraticamente para cobrar coerência e representação legítima da vontade da base.
A verdade, que, repito, é histórica, é que o poder corrompe e vicia!
Quanto mais tempo de uso maior a "dependência" que ele causa.
E novamente, olhando para a história, existe um "prazo" no qual as instâncias democráticas ainda conseguem promover saneamento e cura dessa dependência. Passado esse prazo, as vozes externas vão morrendo, desistindo ou sendo sufocadas pela avalanche e pressão.
As iniciativas de mudança são apagadas pela forca (aliás *gritos* no CNRE já se tornaram comuns!).
A vida sindical coletiva se acaba e uma autocracia se impõe de uma forma que não tem mais volta.
Quando se chega nesse ponto, a democracia morreu e o sindicato estará condenado.
Vejam bem, toda essa longa explanação acima, não é um devaneio...
Ela é história!!
Não é novidade.
Não é invenção minha nem de quem a está praticando ou vivendo.
A humanidade já viu isso acontecer.
Está vendo novamente em muitas sociedades.
E estamos vendo agora, bem debaixo dos nossos narizes.
AINDA DA TEMPO DE MUDAR!
Ronaldo Godinho
Delegado Sindical da DS Joinvile-SC
Comments